“O gerente de vendas recebeu o seguinte fax de um dos seus novos vendedores: Seo Gomis, o criente de belzonte pidiu mais cuatrucentos pessa. Faz favor toma as providenssa. Abrasso, Nirso

Aproximadamente uma hora depois recebeu outro.

Seo Gomis, os relatorio di venda vai xega atrazado pruque to fexando umas venda. Temo que manda treiz mil pessa. Amanha to xegando. Abrasso, Nirso

No dia seguinte :

Seo Gomis, Num xeguei pucausa de que vendi maiz deiz em Beraba. To indo pra Brazilha.

No outro:

Seo Gomis, Brazilha fexo 20 mil. Vo pra Frolinopolis e de lá pra Sum Paulo no vinhão das sete hora.

E assim foi o mês inteiro.

O gerente, muito preocupado com a imagem da empresa, levou ao presidente as mensagens que recebeu do vendedor. O presidente, um homem muito preocupado com o desenvolvimento da empresa e com a cultura dos funcionários, escutou atentamente o gerente e disse:

-Deixa comigo que eu tomarei as providências necessárias.

E tomou. Redigiu de próprio punho um aviso que afixou no mural da empresa, juntamente com os frases do vendedor:

‘A partir de oje nois tudo vamo faze feito o Nirso. Si preocupá menos em iscrevê serto mod a vendê mais.

Acinado, O Prezidenti”

O texto acima, de autoria desconhecida, circulou pela internet como piada.

Lendo-o atentamente e refletindo sobre questões como Preconceito e Variantes Linguísticas, é possível perceber que:

a.
No texto do Nirso há marcas que nos permitem dizer que ele faz uso de uma variante regional “o caipira”, frequentemente utilizada como variante de prestígio em situações de entrevista, por exemplo.

b.
Diante da variante utilizada pelo vendedor, o gerente apresenta uma atitude que denota preconceito linguístico.

c.
A linguagem utilizada pelo vendedor é vista, pelo presidente, como o mais importante para a empresa, acima do resultado que ele apresenta ou da quantidade de vendas que faz.

d.
As piadas, que geralmente manifestam uma postura preconceituosa, nunca nos permitem refletir sobre como as pessoas fazem uso da língua, seja na sua forma oral ou escrita.

e.
Os “desvios” ortográficos encontrados no texto do Nirso mostra que a escrita deve ser uma transcrição da fala, o que facilita muito o processo de produção textual em qualquer situação de convívio.