(UFMG, 2012) Leia este trecho:
Eis por que, talvez, daí nós não concluamos mal se dissermos que a Física, a Astronomia,
a Medicina, e todas as outras ciências dependentes da consideração das coisas
compostas são muito duvidosas e incertas; mas que a Aritmética, a Geometria, e as
outras ciências desta natureza, que não tratam senão de coisas muito simples e muito
gerais, sem cuidarem muito em se elas existem ou não na natureza, contêm alguma coisa
de certo e indubitável. Pois, quer eu esteja acordado, quer esteja dormindo, dois mais três
formarão sempre o número cinco e o quadrado nunca terá mais do que quatro lados; e
não parece possível que verdades tão patentes possam ser suspeitas de alguma
falsidade ou incerteza.
DESCARTES. Meditações, meditação primeira. Tradução de J. Guinsburg e Bento Prado
Júnior. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 87. (Os pensadores).

Nesse trecho, o autor encontra nas matemáticas (aritmética e geometria) um conjunto de
crenças que, à primeira vista, resistem à sua resolução de se desfazer de todas as
antigas convicções, submetendo-as ao preceito metódico de tomar por falso tudo o que
não seja absolutamente indubitável. Por meio de uma suposição, entretanto, Descartes
será capaz de colocar em dúvida também as verdades matemáticas.

a) APRESENTE essa suposição.

b) EXPLIQUE por que tal suposição é necessária para se estender a dúvida ao
conhecimento matemático.